De grupos religiosos e suas crenças no século XIX... A
marcante história da batalha final entre o exército do império brasileiro e um
grupo de colonos alemães em 1874, é um assunto deveras delicado da saga da imigração
no sul. Um casal que prometia remédios e palavras para a cura de colonos desassistidos,
talvez pela distância dos grandes centros, começou a fazer sucesso no século
XIX na região do Ferrabraz. As poções do marido eram complementadas pelas
palavras da liderança espiritual de Jacobina Maurer, e seus rompantes de
paranormalidade segundo vários relatos. Teatro? Poderes extraordinários?
Fanatismo? Força mental? Difícil dizer, não só pela distância do tempo, mas
também pela polêmica... O fato é que os seguidores foram aumentando a cada dia,
gerando preocupações na ordem vigente. Aos poucos os que buscavam a cura para
algum mal junto ao grupo, eram questionados e confrontados, sobre a eficácia e
os métodos alternativos de melhoria física e mental a que se sujeitavam. E as
divergências foram aumentando sua força, virando farpas e rusgas... E no
arrastar dos acontecimentos, lares e amizades começaram a ser desfeitos, com ida
de muitos para residir perto de quem lhes dava esperança. A perda destes fiéis
alertou as igrejas católica e luterana, que se juntaram para tomar providências
contra este novo, temeroso e misterioso concorrente. Que ousava interpretar as
sagradas palavras ao seu modo... Autoridades foram acionadas, julgamentos foram
realizados, mas a força da liderança desta forte mulher sobreviveu.
Perseguição? Cuidado e zelo com a ordem? Busca da paz social? Mais uma vez difícil
dizer olhando de uma janela com mais de 140 anos... Fato é que o ódio havia
crescido e o radicalismo já estava formado. E os cidadãos que antes viviam em
uma comunidade isolada, mas pacífica começaram a usar as armas que abatiam o
alimento em caçadas, para derrubar o inimigo em confrontos isolados. E antes
que a guerra se instaurasse sem controle, tropas imperiais sob o comando do
Coronel Genuíno Sampaio foram chamadas para o confronto final. Depois de
perderem o primeiro embate, voltaram com reforços e terminaram com a festa. Era
o fim dos Muckers, e da vida de sua líder e alguns seguidores, bem como de
soldados e de seu comandante. Perderam todos os que tombaram, e os que ficaram
ganharam além da vida, a triste, mas relevante história. Que tem muito a nos ensinar...
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